quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Revisitando O Cavaleiro das Trevas

"Quem é vivo, sempre aparece!", "O filho pródigo à casa torna", "A volta dos que não foram!". Com essas e tantas outras eu retorno ao meu quase falecido, mas comatoso, blog e peço desculpas à qualquer um que tenha visitado-me encontrado teias de aranha (Culpa do Peter) ou bagunça pela casa toda (Culpa minha). Não foi falta de tempo, falta de inspiração ou falta de vontade. Foi por certo receio de postar mesmo. Não saberia salvar o blog com qualquer post até que escrevi a resenha que publico aqui hoje. Espero que apreciem e saibam que, gradualmente, retomarei as atividades daqui. O que fica? A sugestão, não mais de segundona e os vídeos de sexta. O que não havia antes? Quem sabe o que pode surgir! De qualquer forma, bem vindos de volta ao Sem Nome, Sem Sentido, Sem noção!

Eu não vi Batman Begins no cinema. Em uma daquelas minhas fases em que ir ao cinema era complicado, eu acabei perdendo a oportunidade de ver o (Na minha opinião) melhor filme do Batman... Até aquele momento. Conclusão: Vi em casa, com a minha namorada e o irmão dela. Terminei o filme quase saltando da cama depois que vi a carta do Coringa. Eu, como leitor de quadrinhos, já sabia da explosão que viria. Toda essa introdução é apenas para dizer que ao ver O Cavaleiro das Trevas (Me recuso a colocar Batman antes do nome) eu esperava por menos, e tomei um susto.

Primeiro que o filme tem uma série de tramas paralelas grudadas. Os núcleos são específicos: Bruce Wayne e Harvey Dent, trabalhando por cima dos panos para enobrecer a suja Gotham City; Batman, Jim Gordon e Harvey, agora em sua faceta de não tão bonzinho, planejando a queda dos mafiosos da cidade; e Coringa, utilizando os assustados mafiosos para se colocar diante do Homem-Morcego e fazer o que ele sabe fazer de melhor: Atazanar sua vida.

O filme pode ser julgado de três formas: Como uma adaptação dos quadrinhos do Batman e, nesse caso, uma mistureba desrespeitosa; Um blockbuster de ação, descabido como a maioria e por si só inteligente; E o mais importante e a visão que eu prefiro ter, a de uma adaptação do personagem e de seu universo para o cinema, para quem não é fã e, principalmente, para uma realidade que nós vemos todos os dias, salvo as discrepâncias, afinal é um filme de super-herói... Ou não.

Como o próprio Gordon fala próximo do final do filme, Batman não é um herói. Talvez ele estivesse dizendo que ele fosse um anti-herói ou até mesmo um super-herói. Eu vejo de outra forma. Para poder se tornar uno com a cidade, Batman teve de abraçar a sua visão distorcida e sua violência, criando medo e não respeito, contendo-se apenas para não passar do seu limite. Dessa forma, ele não é nem vilão, nem herói, ele é apenas o Batman, um dos espectros de luz de Gotham, suas trevas vingando-se dela mesma, para que ela possa andar na luz, um objetivo cada vez mais utópico, a medida que vão surgindo super-criminosos, seres corrompidos como o Batman, mas que não tem seus limites.

É aqui que entram Espantalho (Numa divertida e interessante participação especial), Coringa e o "vilão-surpresa". Todos eles nasceram da revolução que Batman trouxe a Gotham City. Ou talvez o Coringa não, apesar de que até o momento em que Bruce Wayne vestiu o traje militar e saiu detonando criminosos ele nunca tinha dado as caras. É a reação em cadeia: Você usa armas, eles usam armas maiores, você usa tecnologia, eles a aperfeiçoam, você usa heróis... Eles destroem tudo.

As atuações são dignas de menção: Novamente em papel pequeno, Michael Caine mostra um Alfred que serve de pai, mãe, conselheiro e assistente de Bruce Wayne, em suas duas vidas. Mesmo suas piadas estão mais afiadas e sua fidelidade mais forte, tomando decisões pelo bem de seu patrão e amigo. Gary Oldman, um camaleão como Depp e, uma nova descoberta minha, Gerard Butler, encarna em James Gordon e o traz para fora dos quadrinhos, agindo certo ou errado, desconfiando da sanidade de Harvey e Batman. E temos a nova Rachel Dawes. Realmente, o problema era com a atriz. Maggie Gyllenhall transforma a personagem, ainda que não conseguindo salvá-la de sua irritante permanência "em cima do muro". Porém, o que fazem à Rachel e o que ela faz com os dois "heróis" foi muito mais do que eu esperava.

Temos então o trio principal. Christian Bale reprisa o Bruce Wayne playboy excelente que fez em Begins e faz bem o papel de um Batman falho, que é obrigado a assumir seus erros e, no fim, acaba conseguindo salvar vidas, mesmo que tenha que fazer sacrifícios. Bale não é excelente, mas é conciso, se como Batman ele toma decisões mais radicais, como Bruce ele é desligado, ficando a pergunta: Quem é que está vestindo a máscara? Wayne ou Batman? Do outro lado da moeda temos Harvey Dent, interpretado por Aaron Eckhart. Se Wayne é desleixado, Dent é engajado, o que faz as pessoas desconfiarem se o cavaleiro da luz de Gotham não é também seu cavaleiro das trevas. Eckhart faz uma excelente interpretação, que fica ainda melhor quando o personagem passa pela transformação na terceira parte do filme.

Finalmente, no meio da trindade, temos o Coringa, que anda pela luz e pelas trevas, se revelando e se escondendo. Heath Ledger merecia estar ali, junto de Eckhart e Bale, ouvindo as críticas positivas que fizeram dele que sempre lembrarão de seu Coringa, sinistro, insano, medonho. Eu adoro o trabalho que Jack Nicholson fez em Batman de Tim Burton, porém, é esse Coringa de Ledger que eu ansiava ver nos cinemas: Totalmente livre de conceitos, ele apenas age, levando o Homem-Morcego à loucura, contestando sua sanidade, incitando um sentimento de assassinato nas entranhas do “herói”. Espero que, no futuro retorno do personagem, um ator consiga fazer no mínimo o mesmo que Ledger, e dando mais e mais motivos para o ódio de Batman pelo Coringa.

O resto do filme são explosões e cenas aterradoras. Ao menos duas vezes achei que o filme tinha acabado e então fui surpreendido com mais um trecho emocionante. Saí do cinema satisfeito e querendo mais. O primeiro arco de Nolan por trás das câmeras acabou ali, deixando em aberto o destino de alguns personagens. Espero que ele aceite voltar, junto de todos os outros possíveis, dando a mim e a outros fãs do Batman algo muito bom para gastar nosso dinheiro. Eu já reservei o dvd!
Eu ainda acredito na volta de Aaron Eckhart!