quinta-feira, 11 de março de 2010

O Retorno do Black e Final Fantasy VIII

No princípio havia o verbo. E ele era unânime e infinito: Postar. Não, não, tem coisa antes disso. No início havia a ordem: Fazer um blog. E ele deveria ter postagens próprias do autor, e ser algo informativo. Isso durante seis meses, ou menos, dependendo da vontade do professor. E assim nasceu o SNSSSN, o blog com um nome ENORME, um pouco de boa vontade e, sinceramente, quase nenhuma criatividade. Pois o SNSSSN está para passar por uma mudança. E quero agradecer aos meus Favoritos do Mozilla por isso, podendo citar, mais recentemente, o Hammer, a Milla, o Lobo (tá, porque ele linka coisa legal bagaraio), a Kah e até mesmo meus... "Colegas" do Sake com Sal. E como eu agora sou jornalista formado, deveria informar mais, ser mais conciso, fazer posts interessantes para o grande público... NOT. Ok, o SNSSSN volta, sem mais posts diários (ou tentativas de), sem mais alegorias e sem querer agradar ninguém. Só eu mesmo. E depois de toda essa lenga-lenga, vamos ao que importa.

Como eu disse, um dos que me incentivaram de forma indireta a voltar à isso aqui. Recentemente ele começou uma série de textos que serviriam para fazer uma análise cronológica da série principal da franquia Final Fantasy e está perto de falar do meu capítulo favorito. Coincidência ou não, um amigo meu discutiu esse mesmo capítulo esses dias, colocando em voga algumas das coisas que mais me agradaram no episódio VIII. Como eu sou insistente e chato, resolvi que iria rever o capítulo VIII e análisá-lo de forma mais crítica, verificando seus pontos fortes e pontos fracos, o que leva a esse texto de hoje. Antes que o Amer analise pela visão dele, deixe-me apresentar a minha e ver se concordamos em alguma coisa.



Roteiro

Pra começar: A história. Em um mundo similar ao nosso no milênio passado, que mistura tecnologia e magia, existem as chamadas Feiticeiras, humanas com grande capacidade de assimilar magias poderosas, do tipo que mudam a realidade. Essas feiticeiras aparecem de tempos em tempos e interferem na evolução da sociedade. Para contrabalancear, o mundo tem grandes forças militares que funcionam basicamente como as escolas militares brasileiras: Os jovens se inscrevem e estudam na academia (Garden) e formados se tornam uma espécie de exército, ainda que mercenário, que protege as cidades e realiza missões para o estado. Esse exército é chamado de SEED e é em um deles que encontramos o protagonista: Squall Leonhart. Órfão, solitário e revoltado, o garoto está prestes a se formar na Garden de Balamb e se unir à SEED quando entra em confronto com o rival, Seifer, um garoto arrogante que detesta o jeito instrospectivo do protagonista. A luta dos dois acaba ferindo ambos, marcando seus rostos com cortes idênticos, mas opostos. Quando acaba na enfermaria, Squall tem uma visão e acaba sendo direcionado para uma jornada que envolve golpes de estado, um plano milenar de uma feiticeira e a queda e ascensão das Gardens.



A trama de FFVIII começa lenta, demoramos a compreender o porquê do envolvimento de Squall (que não é de todo coincidência) e também acabamos encontrando sub-tramas que parecem mais interessantes do que a linha principal, pelo menos durante o tempo em que demora para os seis protagonistas engolirem a verdade sobre tudo em que eles acreditaram. O que mais me empolgou sempre em FFVIII não foi sua trama, apesar de achar interessante, ou seus protagonistas, mas como ele ao mesmo tempo é um RPG padrão, com designios para cada um dos personagens, e também a manipulação de um filme. Podemos escolher detalhes simples como a customização do combate de cada personagem e também as formas como interagem (claro que não num nível Persona) e ao mesmo tempo não invertemos a ordem dos acontecimentos ou geramos um final diferente (como é em Chrono Trigger), o que o torna um típico JRPG na opinião de muitos, mas que foi um choque pra mim, quando estava iniciando na grande série da Sony.

Sob um olhar mais clínico, FFVIII apresenta algumas inconsistências e tem a estranha tendência de deixar pontas abertas em seus personagens. Em vários momentos é possível questionar porquê alguns deles continuam no grupo, sendo que suas motivações somem sem deixar vestígios. Outros, no entanto, possuem uma profunda relação com o desenrolar da história, como a presença do afobado Zell. A princípio um alívio cômico (papel tomado pelos irmãos Raijin e Fuujin a partir do segundo CD), o garoto se mostra muito mais denso e acaba ocupando um espaço considerável da vida do protagonista Squall. Aliás, uma das informações do jogo é que Squall é um poço de azedume e que praticamente GOSTA de ficar sozinho, fato que é visto ao longo do primeiro disco. Mas, de acordo com o avanço da história ele passa a falar mais (já que as pessoas aparentemente respondem questões dele que não vemos ele fazer, afinal é o protagonista) e também a respeitar mais a presença dos "amigos". Agora, apesar de ser a evolução natural de um cara introspectivo (similar ao Cloud de VII), Squall aparentemente dá um salto de comportamento, demonstrando afeição clara por certos personagens a partir de alguns momentos do CD 3. E aí começa a trama de verdade de Final Fantasy VIII.

Jogabilidade

O que me surpreendeu na primeira vez em que comandei Squall e Quistis para a Caverna do Fogo logo no início do jogo foi o modo como esse RPG trabalha as magias e os summons, aqui nomeados como Guardian Forces ou GF´s. Para um jogador de JRPG frequente pode parecer um modo comum, mas para mim, que havia começado a jogar Final Fantasy por aquela edição, me pareceu genial. O modo como os personagens reagem aos GF´s equipados, a possibilidade de estocar quantidades boas de magias pelo comando Draw e como você pode fazer Cure se tornar muito mais forte que Curaga, apenas tendo 99 da primeira e 3 ou 4 da segunda. Tudo isso me deixou com a impressão de que o jogo tem uma capacidade enorme de evolução e diferenciação para cada personagens. Alguns gostam de colocar magias ofensivas como Fire ou Blizzard no status de Ataque para aumentar o dano causado, outros preferem arriscar com magias de Status como Poison ou Sleep, para que isso afete o inimigo que receber o ataque físico. Há muitas variáveis.



Outro ponto forte é que os personagens não são classificados por Classe, mas por suas armas. Apesar de não ser claramente dito, Squall é um Knight, Quistis é Red Mage, Zell é um Monk e Irvine é um Gunslinger. Por outro lado, ficam dúbias as classes de Rinoa e Selphie, que poderiam ora ser classificadas como Archer e Fighter, por suas armas, e ora poderiam ser espécies diferentes de Priest e Sage, por seus Limit Breaks. O uso de LB quando em life baixo é uma das sacadas mais interessantes do jogo: O jogador pode escolher arriscar em deixar os personagens com pouco HP para utilizar suas habilidades mais fortes ou sempre mantendo o HP cheio para que eles não morram facilmente.

O grande truque é que, apesar dos vários tutoriais e dos atalhos, o jogador precisa ser intuitivo, para que possa fazer as melhores estratégias antes das batalhas mais fortes, principalmente diante de Omega Weapon, o chefe mais difícil que esse jogo poderia produzir e que te faz espirrar sangue, graças à sua ownagem intensa. É sério, em todos os walktroughts que já vi do jogo e na única vez que ganhei dele, precisei fazer sacrifícios enormes e orar para vários deuses. O único problema sério que enfrentei é de que depois de um tempo cansa ter que ficar coletando magias atrás de magias em vários pontos extremos do mundo de FFVIII para poder auxiliar no griding. Mesmo estando você no nível 99, se você não tiver boas magias para equipar, você é um lixo. E um lixo dos grandes, daquele que você olha para a mãe com terror quando ela te pede pra colocar na rua.

Extensão

Quando digo que Final Fantasy VIII pode ser longo, não me refiro apenas aos quatro CD´s do jogo. Seus cg´s (que são maravilhosos), sua necessidade de griding e a possibilidade de conseguir vários itens extras no jogo dão ao game mais tempo do que se espera quando abre a capa e vê que existe um disco com o número 4. Para ser mais exato, há várias tarefas que o jogo exige que, se cumpridas, providenciam todo o poder necessário para chegar ao fim do jogo com todo o poder de fogo disponível. Não somente três GF´s não fazem parte da lista principal e precisam de certas tarefas ingratas para se conquistar, como o jogo de cartas disponível fornece muitos novos itens. Explico: Dentro do jogo há um mini-game de cartas que começa de forma simples, mas trás muitas surpresas. Cada personagem possui uma carta e graças ao GF Quetzacotl, você pode "refiná-las", transformando em itens poderosos. Um exemplo? Laguna, o herói do passado, tem a carta que quando refinada gera 100 Holy Wars, itens que deixam todos os personagens da tela em Aura, o status para uso contínuo dos Limit Breaks. Já comentei que essa é uma das maiores apelações quando você tenta derrotar o Omega? Pois é.

Explorar o cenário também fornece informações extras para se compreender a história por trás da história. É possível terminar o jogo sem descobrir qual a relação entre Squall e Laguna, mas se você for colecionando as revistas que encontra em hotéis, você adquire os dados que te permitem conhecer mais do mundo que você visita. E, sinceramente, depois de jogar uma vez mais, você saca que precisa disso para que o jogo tenha real sentido.

Finalizando, FFVIII não é o melhor de todos, muito menos um JRPG perfeito, porém, é um dos que mais me motivou a me estender pelo mundo dos Role Playing Games e é meu favorito de todos os FF´s. Como queria que a Square desse mais atenção para ele. Ao menos, vemos Leon (outro nome do Squall) em Kingdom Hearts e em Dissidia. E vale a pena.

Um comentário:

disse...

Que bom! Seja bem vindo de volta!
Consegui adicionar os blogs ao meu.. :D Se cuida